Quando Chico Science recolocou o Pernambuco no mapa do Rock através do movimento manguebeat, mal poderia imaginar ele que mais de 20 anos depois de “Da Lama ao Caos”, outros jovens músicos surgiriam dentro de seu estado honrando e preservando seu legado através de uma musicalidade única, inventiva e ousada, tal qual ele fora no início dos anos 90.
A Mangroov foi fundada em 2019, apresentando uma maturidade musical e uma personalidade absolutamente seguras, apesar da pouca idade de seus integrantes. Seus primeiros registros de estúdio foram os singles de “Pain to Agree” e “Some Sense”, que antecipam o lançamento do primeiro disco da banda e mais recentemente o grandioso single para “Castle of Silence”, tido como a obra prima da banda.
O som da Mangroov é carregado de feeling, de Groove – como o próprio nome sugere – e de uma vontade gritante de expressão e criatividade, buscando elementos das mais variadas vertentes do Rock, passando pelo Grunge, Funk Rock, Stoned Rock e Rock Alternativo, resultando em uma mistura singular, que nas mãos – ou nos tentáculos – da Mangroov, tornou-se algo deliciosamente único, ainda que sem perder suas referências de vista, indo de Red Hot Chili Peppers a Fantastic Negrito, passando por Pearl Jam e The Strokes, até o já citado Chico Science.
Conversamos com os músicos Lucas Moura (Vocais), Rafael Portela (Guitarra) e Gustavo Lippo (Baixo), conversamos com a banda que nos contou todos os detalhes de seus três lançamentos, além de suas expectativas do que virá pela frente com a possibilidade do retorno aos palcos.
Primeiramente, agradecemos por dedicarem um pouco do seu tempo para falar conosco. Sabemos que todo o meio artístico neste momento tão difícil está fazendo seu melhor para se manter ativo, próximo de seu público e criando o máximo de conteúdo relevante para esta nova realidade. Como foi essa experiência para a Mangroov de ter todo seu material produzido e lançado durante o período de quarentena? Como vocês vem lidando com esse momento tão crítico?
Gustavo: Foi bem difícil, um dos maiores desafios é encontrar uma maneira de arrecadar dinheiro para gravar as músicas sem poder fazer show; a solução foi vender merchan, o que foi um sucesso surpreendente. Apesar de todas as dificuldades que passamos nesse momento, a repercussão das nossas músicas foi muito além do que esperávamos, então só nos deu mais vontade de fazer música.
A banda surgiu um pouco antes da pandemia eclodir. Nos contem um pouco da história da Mangroov.
Rafael: A banda já passou por várias mudanças tanto musicais, quanto no que diz respeito aos integrantes. Começou comigo e um amigo nosso, o Arruda, tocando no prédio onde morávamos. Depois vieram o Gustavo e o Samuca, assim surgindo a primeira versão oficial da banda, criando uma mistura de funk com rap bem descontraída e engraçada. Logo depois disso, buscamos fazer uma banda mais séria, com o intuito de gravar músicas, fazer apresentações, tocar em bares. Com isso, o Arruda decidiu sair da banda, dando espaço para o Lucas. A partir daí reformulamos nosso estilo musical e decidimos criar o projeto que é hoje a Mangroov.
E o nome Mangroov, vem de onde?
Rafael: Mangroov é a união de mangue com groove, é a palavra que representa nosso estilo de som “groovado” e também é uma homenagem aos mangues de Recife, nossa origem.
Nas capas dos singles da banda e junto ao logo da Mangroov, sempre aparece um polvo. Esse é o mascote da banda? O que ele simboliza?
Gustavo: O polvo carrega um significado de diversidade, é um animal exótico para o mangue, um reflexo da Mangroov, que grava as músicas em inglês para se destacar num ambiente nacional, sem fugir de suas origens.
O primeiro single, Pain To Agree, apresentou a Mangroov para o mundo e, inclusive, através dele, nós da Hell Yeah conhecemos e chegamos na banda. Nos contem um pouco sobre essa canção e como foi para a banda dar vida a sua primeira composição.
Lucas: Nós somos um grupo de amigos que se reunia para tocar e que tínhamos em mente fazer a banda rolar de verdade, mas ainda não tinha acontecido. Nós tínhamos o costume de fazer várias músicas, mas nunca acabávamos. Então nos surgiu a oportunidade de gravar nosso primeiro single, logo escolhemos dentre as músicas que criamos nos ensaios a que a gente mais gostava e começamos a desenvolver ela.
Depois da introspectiva Pain To Agree, a banda saiu com um Funk Rock bem radiofônico que apresentou outra faceta completamente diferente do single anterior. Nos falem um pouco sobre Some Sense.
Gustavo: Nós gravamos Pain To Agree e só conseguimos lançar ela praticamente um ano depois de gravada, então logo que lançamos já focamos totalmente nossos ensaios em fazer uma música nova, mas queríamos fazer algo mais ritmado e mais dançante. Então durante um belo ensaio decidimos fazer várias jams, até que uma se destacou, com o riff de baixo marcante que ficou na nossa cabeça, então a partir daí fomos desenvolvendo a música
Vocês são bastante jovens, mas exalam maturidade em suas composições. De onde vem toda essa inspiração? Quais são as principais bandas que os influenciaram?
Gustavo: Cada um de nós tem referencias de bandas e músicos muito distintos, mas, em geral, para as criações das nossas músicas temos referências como RHCP, Pearl Jam, Chico Science, Audioslave, Fantastic Negrito, Queens of the Stone Age, Nação Zumbi entre muitos outros.
Castle of Silence é o terceiro single da Mangroov e apresenta uma sonoridade bastante elaborada, em um tema bem mais longo e complexo que os anteriores. Nos falem sobre esta canção e como vocês fazem para manter a identidade da banda preservada passando por composições tão distintas entre si
Lucas: Nós consideramos essa música a “obra-prima” da Mangroov, porque nela a gente pensou em cada detalhezinho, botamos muito esforço nela. Queríamos passar a ideia de uma imersão total, em que a pessoa vai botar os fones de ouvido, colocar no volume máximo, se ajeitar na cadeira e entrar na música.
Vivemos em um tempo onde o consumo é muito imediatista e a maioria das pessoas não tem mais o costume de parar para ouvir um disco na íntegra. Se vocês pudessem indicar uma única música da Mangroov para apresentar a banda ao nosso público, qual seria e por quê?
Gustavo: Essa é muito complicada, mas indicaríamos “Some Sense”. Por ser uma música mais leve, mais ritmada e animada, acreditamos que tenha uma facilidade maior de atingir vários públicos.
Com a iminência de uma possível retomada da rotina normal dos shows e da vida em geral, quais são os planos da Mangroov para o futuro?
Rafael: Nós queremos mesmo é fazer música e tocar num show pra ver a galera pular, sorrir, bater cabeça. Mas voltando a rotina “normal” temos a intenção de tocar em bares, tanto para divulgar mais a banda quanto para juntar dinheiro para conseguir gravar mais músicas.
A Hell Yeah completou um ano agora em Julho de 2021. Como tem sido essa parceria para vocês?
Gustavo: A Hell Yeah tem sido uma parceria extremamente incrível e proveitosa. A comunicação é muito eficiente e leve, trabalho impecável fazendo sempre o possível para atingir nossos objetivos e superar nossas expectativas, nos levando a rádios por todo o mundo, nos dando espaços em festivais, nos concedendo a oportunidade de participar de entrevistas, entre muitas outras coisas. Esperamos poder continuar nossa parceria por muito tempo e poder acompanhar o crescimento da empresa de perto.
Obrigado pela entrevista. O espaço está aberto para deixarem uma mensagem para o público da Hell Yeah.
Rafael: Galera da Hell Yeah!! A Mangroov ama vocês e vocês tem que amar a gente porque a gente é foda demais. Se liguem que vai surgir muita coisa boa por aí. Só temos a agradecer a esses dois caras fodas (vulgo Luis e Leandro) que estão com a gente dando oportunidade e confiando no nosso trabalho. Obrigado a todos e tamo junto!!