Entrevista Tribal Scream – Vinnie Savastanno e Romulo Minduim

Entrevista Tribal Scream – Vinnie Savastanno e Romulo Minduim

Desde sua fundação, em 2020, o Tribal Scream vem se tornando um dos principais nomes do Metal Extremo no Brasil. Também, pudera, com nomes como Vitor Rodrigues (ex-Torture Squad, ex-Voodoopriest, Victorizer) e Maurício Nogueira (ex-Krisiun, ex-Torture Squad, ex-Matanza) em seu elenco, fica difícil não esperar algo grandioso da banda. Mas hoje não estamos aqui para falar deles, e sim de Vinnie e Romulo, responsáveis pela cozinha monstruosa da banda e por dar o suporte, o vigor e a renovação que a experiência das lendárias figuras de Vitor e Mauricio precisavam para alcançar o que estão alcançando. Conversamos com o baixista e o baterista da banda, que nos contaram sobre suas trajetórias, o primeiro álbum da banda, “Sacred Legacy”, e as expectativas para o futuro. 

Primeiramente, gostaríamos que vocês se apresentassem para quem ainda não conhece o Vinnie Savastanno e o Romulo Minduim. Nos falem um pouco da trajetória de vocês na música.

Vinnie: Boas horas pra geral. Pra quem não me conhece, sou o Vinnie. Pra quem me conhece, continuo sendo o Vinnie. Comecei a tocar em 99 como baixista num cover de Maiden que, graças a Deus, aconteceu antes das câmeras digitais serem acessíveis. Depois disso, ganhei uma guitarra de natal, pois meus tios acreditavam que “baixista não tem destaque” e, por força do destino, fiquei uns bons anos arranjando bandas pra tocar guitarra. Mas nunca larguei o baixo de mão. Na (super mal gravada, porém muito amada por mim) demo do Playriff, eu regravei vários overdubs de baixo. Em outras bandas, gravei as linhas de baixo, além de compor várias delas. Quando saí do Rygel em 2016 ,decidi voltar a me dedicar 100% ao baixo novamente. 

Romulo: Então, eu, Romulo, mais conhecido pelo pessoal como Minduim, toco desde os 11 anos, passei por várias bandas e me desenvolvi na cena do metal Londrinense, no norte do Paraná. Foi lá que eu virei o “Minduim” e dei as caras nos palcos de lá primeiro. Sempre honrarei muito ser paulistano, mas com os “pé vermeio” da terra de lá. Fundei algumas bandas, como o Missão Metal e o Ave Noturna, que tinham por pauta a atitude metal, amizade, e as letras em português. O projeto do Ave Noturna ainda existe, mas anda pausado por falta de tempo.

Hoje vocês fazem parte de uma das bandas mais promissoras da cena do Metal Extremo, ao lado de duas lendas do Metal brasileiro, Mauricio Nogueira e Vitor Rodrigues. Como vocês quatro se conheceram e como surgiu a ideia do Tribal Scream?

Romulo: Eu conheci o Vitor há muitos anos, por volta de 2002, e depois de uns quase 20 anos, em 2019, vi que ele tava montando banda, fiz teste e passei pra tocar no Victorizer com eles, um outro projeto que a gente tem junto. Testado e aprovado no Victorizer, quando precisaram pro Tribal, eu estava ali pra dar continuidade na pancadaria que é o Sacred Legacy. 

Vinnie: Comecei a tocar em 99, mas só fui ter aulas em 2000. Foi quando conheci o Mauricio. Maio de 2000. Ele foi meu professor por 3 anos no Centro Cultural de Mongaguá e foi lá que eu decidi de vez deixar um pouco o Classic Rock de lado e meter o pé com força na podreira e no Metal. Minha primeira fita (sim, fita) de Metal Extremo foi uma demo do In Hell que eu comprei do Mauricio. Quando ele entrou no Torture Squad, ainda no fim da tour do Unholy Spell, assisti um show deles e foi lá que eu vi o Vitor pela primeira vez. Depois, comprei o Pandemonium e virei fã do trampo que os dois faziam juntos. 

Sobre o Tribal Scream, Mauricio saiu do Matanza Inc. e, um tempo depois, me mandou mensagem pedindo pra eu ouvir uns riffs. Riffs esses que eram totalmente diferentes da direção que a banda tomou. Era algo bem mais Rock and Roll, pra um disco solo dele. Mas aí, quando começamos a caçar vocalistas e o Vitor decidiu cantar em tudo, entendemos que os Orixás queriam mais um expoente de porradaria pro Metal BR.

Como vocês têm contribuído na parte de composições? Vocês tiveram participação na criação das músicas?

Vinnie: Mais do que eu esperava. As músicas do EP e do Sacred Legacy foram compostas por mim e pelo Maurício. Ele vinha com um som, eu mexia. Eu vinha com um som, ele mexia. Trocávamos riffs e misturávamos coisas soltas que fomos acumulando. Na parte lírica, 4 dos nossos 11 sons tem letras minhas. Refuse It, eu escrevi no mercado, depois de ver uma foto no Instagram. Cheguei em casa e compus o resto todo, incluindo vocal. Mauricio adicionou um riff e o solo, e é isso. Lords of a Dead World eu escrevi completa também, Maurício e Leeo modificaram umas partes e o Vitor deu uma tunada na letra que eu fiz. Mas eu considero que a música só está pronta depois de passar pela “Tribalizada”, que é quando todo mundo põe a mão e adiciona suas características.

Romulo: O disco estava praticamente escrito quando eu entrei. Algumas musicas completas, como To Each His Own, GBS e Lords of a Dead World são do Vinnie, eu só segui a ideia de um thrash metal que não parasse, ao contrario dessas moda idiota de groove, chops e esses compassos compostos sem uso musical, que só é feito pra provar que você é fodão e fica o dia inteiro com o metrônomo na orelha viajando. Eu só coloquei a cólera que as músicas transmitem, quando decorei as músicas e fechei as criações baterísticas, eu estava certo de que nosso som era uma avalanche que vai colocar seu tornozelo na orelha e o nariz nas costas desde que você entrasse na vibe do som. Fiquei muito alegre com a qualidade que o Leeo, nosso produtor, recepcionou a gente no estúdio, entendeu a ideia da banda e fez a gente soar pesado desse jeito. Nos próximos discos podem entrar riffs e letras minhas. Apesar de não ser este meu foco na banda, consigo colaborar e trazer mais este diferencial. Ser um batera que escreve e que compõe riffs também.

Como vocês estão percebendo a aceitação e a recepção do “Sacred Legacy” perante o público e as mídias especializadas?

Romulo: Sendo bem sincero, quando se trata de nosso próprio trabalho, é difícil saber se o pessoal está gostando mesmo, sabe? A única coisa que eu sei é que, mesmo sendo “eu que fiz”, gosto muito de colocar o disco pra ouvir. Como fã do Mauricio e do Vitor que julgo ter sido, fico feliz com o trabalho dos dois e que eu estou fazendo parte disso tudo. Acredito que o que os “velhos” entregaram pra eu fazer foi um baita desafio e a gente fez o disco pra ouvirmos exatamente o som que nós gostamos. Não fizemos pensando em mídia, crítica, só queríamos um negócio doentio tocando, e acho que conseguimos.

Vinnie: Rapaz… Sabia que tínhamos um bom produto nas mãos. Aliás, eu não lançaria uma música se ela estivesse boa. Pra lançar tem que estar “do C#*$lho”.  Mas a recepção superou as nossas expectativas. Tanto crítica quanto público abraçaram a gente demais. E deu pra perceber isso com a galera cantando junto no show do Iglesia. Mas te falar que, senti falta de pelo menos um esculachozinho. Faz bem pra gente ficar de orelha em pé e não baixar o nível. 

Recentemente vocês também fizeram o primeiro show da banda. Nos contem um pouco sobre essa experiência e sobre a expectativa por novos shows.

Vinnie: Foi um coice! Eu estava há 6 anos sem subir num palco pra tocar. E passou rápido demais. 1h20 de show que pareceram 15 minutos. A vibe da galera estava sensacional, a resposta aos nossos sons e aos covers foi absurda e ali pudemos perceber a força do Tribal Scream ao vivo. No estúdio todo mundo é pesado e violento. Ali foi o batismo de fogo. Sobre os próximos shows, estamos de agenda aberta e com “sangue no zóio” pra tocar em todos os lugares possíveis. Chega de ficar em casa.

Romulo: Eu sou um cara que toquei muito ao vivo na cena do Paraná e adoro o clima do palco. Foi meu primeiro show em minha cidade natal, significou muito pra todos, incluindo minha família, que finalmente pôde me ver tocar. Eu já tinha tocado ao vivo com o Victorizer, sei da energia que o Vitor transmite e como todos da banda são engraçados e piadistas. O clima em cima do palco não podia estar melhor, foi um grande momento em nossas vidas. Felizes por mostrar esta monstruosidade toda devidamente microfonada, amplificada! Colocando a banda pra funcionar mesmo, uma vez que todo o processo de gravação e de acertos do disco foram feitos remotamente, cada um em sua cidade (sim, cada um de nós vive em uma cidade diferente)

Essa é uma pergunta difícil, pois como dizem, é difícil apontar um filho favorito, mas qual a música favorita do Tribal Scream de cada um de vocês?

Romulo: PQP! Eu adoro tocar a Lords of a Dead World! Amo o disco todo, algumas músicas requerem uma atenção melhor pois estamos quase no limite da técnica ali, a gente toca muito rápido. Mas essa eu chamo a contagem querendo desossar a porra do kit e arregaçar com os ouvidos e o pescoço de todo mundo. 

Vinnie: Lords of a Dead World. Sem nem pensar muito. Riff, velocidade, agressividade, resposta ao vivo, trampo de batera do Minduba, interpretação do Vitor, letra (the less we give, the more we get ‘cuz you will need assistance // A weak mind in disbelief will never show resistance) foram os melhores versos que eu escrevi na vida. G.B.S., por ser totalmente autobiográfica me pega pelas bolas também. Algumas pessoas acham que é sobre Covid, mas pesquisem aí CID 10 – G61.0 e vejam de qual ciclo do inferno ela realmente fala.

E quais os planos para o futuro da banda?

Romulo: Esperamos que não haja necessidade de novas restrições por causa da pandemia para que possamos voltar de vez e engrenar tocar pelo Brasil afora, nosso objetivo é chegar num nível de agendar 3 shows por semana, para que a rentabilidade da banda a sustente e provenha boas oportunidades de contatos, eventos, queremos tocar pra caramba em todo canto do Brasil e do mundo onde nos chamarem. Passamos a maior parte da vida esperando por isso, acredito estarmos prontos para escrever capítulos fabulosos, de muita positividade e amizade no livro do Heavy Metal

Vinnie: Não queremos demorar muito pra lançar coisa nova. Hoje em dia, ainda mais com o lance virtual valendo um pouco mais que o ao vivo, devido às restrições em que vivemos, é importante alimentar a patotinha mosheira que nos segue com bastante coisa pra abrir roda e desalojar os piolhos. Mas, no momento, estamos focados em aumentar nossa agenda, levar o ao vivo ao máximo de lugares possíveis e, quem sabe, lá pro segundo semestre, lançar algo complementar ao Sacred Legacy antes do play novo.

Obrigado pela entrevista. O espaço está aberto para vocês deixarem um recado ao público da Hell Yeah.

Vinnie: Primeiramente obrigadaralho Hell Yeah, vocês são uma parte importantíssima da “Tribo Gritante”! “Segundamente”, pra galera que nos segue e segue a Hell Yeah e todo o seu cast de bandas, eu só agradeço a força as interações nas redes, os reposts e espero trombar todo mundo na estrada pra gente trocar ideia e beber uma breja sem álcool. (Num posso álcool. Culpa da BGS:D ). Se você conhece um mocó onde caibam 4 bangers barulhentos pra tocar, chama que a gente leva a destruição pra tua quebrada.  

Romulo: Agradeço pelo espaço cedido, é muito legal quando nos dão voz! Para os que ainda não conferiram o Sacred Legacy, é só procurar no google e escolher onde você vai querer reproduzir o disco! Estamos em quase todas as plataformas digitais, as gratuitas e as pagas, convido você a curtir nosso som e ver que nossas letras são muito mais profundas do que bandas que falam de morte, sangue, maldade e o diabo. Não que eu não goste dessa temática, é legal… mas temos uma banda de death/thrash com uma proposta lírica diferente. A cultura brasileira entrevada no sangue dos nossos antepassados, nossos pensamentos da realidade atual, a preocupação com o templo sagrado da vida, que é o nosso corpo, são alguns dos temas abordados. Vale muito a pena conferir, as letras são muito legais, te encorajarão na sua batalha diária. E em termos de som, aquilo ali que eu acredito serem sons legais de pratos e tambores. Então temos na mesa um prato cheio pra quem gosta de som pesado, rápido e inteligente.

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