Entrevista com José Carlos Queiroz Jr, do Papo Metal

Criar, manter e produzir conteúdo relevante para um podcast – especialmente em um nicho com um público tão exigente quanto o do Heavy Metal – é uma tarefa para poucos, e é com essa proposta que em Junho de 2020 surgiu o excelente Podcast Papo Metal, produzido e apresentado por Jose Carlos Queiroz Jr, ou apenas JC, como ficou conhecido na cena do Metal Nacional.

Além de bastante informativo, sempre trazendo assuntos sobre o que está acontecendo no cenário do Metal mundial e seus principais lançamentos, o Papo Metal já promoveu entrevistas com grandes nomes do Metal Nacional e Internacional, como Noturnall, Torture Squad, Angra, Nervosa, Crypta, Amaranthe, Carcass e Exodus. Bandas do cast da Hell Yeah Music Company também já passaram pelo podcast, são elas: Capella, Castellica, Vocifer, Fourkaos e Allen Key.

Ouça o episódio mais recente do Podcast Papo Metal abaixo:

Sabendo da importância do papel de criadores de conteúdo e de canais como o Papo Metal, a Hell Yeah convidou JC para um bate papo incrível, onde aprendemos um pouco mais sobre o seu trabalho, as dificuldades e conquistas que obteve com o podcast, entre tantos outros detalhes interessantíssimos que valem a pena de se conhecer. Confira a seguir:

Jose Carlos, ou melhor, JC, obrigado por nos conceder um pouco de seu tempo para sabermos um pouco mais sobre o seu trabalho e obrigado também por sua contribuição ao Metal através do Podcast Papo Metal.  Primeiramente, quem é o JC para quem ainda não conhece? Nos conte um pouco da sua trajetória dentro e fora do cenário Metal.

Muito obrigado pela oportunidade de falar um pouco sobre mim e sobre meu podcast. Então! Eu sou um cara apaixonado por Rock e Metal desde a minha adolescência. Diria que é o meu maior vício.

Também sou radialista há mais de 10 anos. Trabalho na Rádio Dumont FM, em Jundiaí-SP, que curiosamente não é uma rádio rock, muito pelo contrário. A emissora é focada no público jovem, pop. Então grande parte do meu dia passo ouvindo coisas completamente fora do meu universo musical. Mas isso me deu conhecimento e maturidade pra trabalhar em outras frentes como locução publicitária e até mesmo no Papo Metal.

Antes de tudo isso, tentei ser músico, fiz aulas de guitarra por anos, mas mostrei pouquíssima aptidão, o que me fez migrar pra outras áreas, mas sempre dentro da música. Comecei a ouvir Rock e Metal na minha adolescência principalmente com Kiss que foi a primeira banda que conheci. Depois veio a febre do Guns N Roses e conheci outras coisas também. Aí veio Metallica, Megadeth, Iron, Angra, Sepultura e tudo mais. Até hoje curto essas bandas, mas adoro conhecer coisas novas. O cenário precisa se renovar.

E como surgiu o Papo Metal?

Então, o Papo Metal surgiu do meu desejo de falar sobre Rock n Roll e Metal no rádio. Eu sentia uma frustração muito grande porque cresci ouvindo a 89FM e Brasil 2000, caras como Andre Gois, Sandro Anderson, Osmar, Daniel Daibem, Vitão Bonesso e tantos outros. Tentei diversas vezes entrar em rádios de rock de SP, mas nunca aconteceu.

Então decidi fazer o podcast meio como um lazer e para tentar amenizar esse sentimento que me desgastava bastante. Tive ajuda do meu amigo Rogério Assis, que me incentivou muito, ajudou com a plástica e toda parte técnica do programa. No meio de tudo isso rolou a morte do Andre Matos de quem sou grande fã. A edição 1 foi uma homenagem, um piloto do que viria a ser o podcast. De lá pra cá não parei mais de trabalhar nas edições. Já se foram 2 anos!

Como funciona o processo de criação de conteúdo de um podcast como o seu? Não precisa nos entregar seus segredos, mas nos conte um pouco dos bastidores do seu trabalho.

Tudo começa com as entrevistas. Recebo contatos de assessores que apresentam as bandas. A maioria já são conhecidas do underground. Outras pesquiso para saber se estão dentro da proposta do programa que abrange mais a cena Metal. Algumas bandas mais Rock n Roll já participaram, mas o podcast com certeza é mais focado no Metal.

Também tento acompanhar os lançamentos nacionais e internacionais para fazer algo bem informativo e deixar o pessoal por dentro de tudo o que está rolando na cena. Depois que o conteúdo da edição é definido e as entrevistas concluídas, trabalho no roteiro e na montagem do podcast em si. Dá bastante trabalho, mas tem sido uma experiência bem legal.

Quais as maiores dificuldades em manter um podcast como o Papo Metal?

Acredito que seja manter uma regularidade das edições. Infelizmente não ganho dinheiro com o programa, então tenho que arrumar um tempo livre para trabalhar nele.

As vezes por conta da correria do dia a dia e do trabalho acabo atrasando o lançamento de alguma edição. Isso rolou algumas vezes, então acredito que seja a parte mais difícil. Tento ao máximo soltar no mínimo duas edições mensais. Tem funcionado assim.

Sei que essa é uma pergunta difícil, mas após tantos episódios e tantas entrevistas, qual foi a banda mais legal de entrevistar? E a mais difícil de conseguir a entrevista?

A mais emocionante para mim foi a com o Edu Falaschi. Sou um grande fã do Angra e fazer essa entrevista foi algo muito especial pra mim. Ele é super atencioso, carismático. Foi uma experiência incrível.

A Prika Amaral também foi animal. Talvez tenha sido a melhor entrevista da história do programa porque foi um bate papo, literalmente! Parecia que já nos conhecíamos há anos. Fluiu super bem, ela é super carismática, humilde e merecedora de tudo o que tem conquistado. A mais difícil foi com Nando Fernandes. Ele topou participar, mas estava ocupado com alguns projetos, então rolaram alguns desencontros, mas deu tudo certo no final.

Qual músico você ainda não conseguiu entrevistar e gostaria muito de conseguir?

Muitos! Ainda quero falar com Korzus, Claustrofobia, Sepultura. Internacionais sonho em entrevistar algum integrante do Arch Enemy ou Nightwish. Seria lindo!

Recentemente tivemos alguns hypes em torno do Metal, especialmente em séries muito populares nos serviços de Streaming. Você acredita que o Metal está voltando a ganhar forças? Como você observa a cena dentro e fora do Brasil atualmente

Acho que o rock e o metal estão voltando a ganhar espaço dentro do mainstream o que é ótimo. O que rolou com Stranger Things, por exemplo, é maravilhoso. Você consegue influenciar um número incrível de pessoas com uma única cena. Metal Lords também foi bem legal. Muitas pessoas são apresentadas ao rock e metal dessa forma. Não temos mais a MTV e para as novas gerações esse aspecto visual é muito importante. Então a Netflix e o cinema acabam tendo um papel mais importante nesse sentido.

Algo está mudando, principalmente fora do Brasil. Artistas como Miley Cyrus e Avril Lavigne estão trabalhando mais com guitarra. Isso tem um motivo, elas estão observando o mercado. Acho que as pessoas cansaram desse pop repetitivo e sem criatividade. Estão procurando coisas novas. Vejo também como algo cíclico. O Metal já esteve super em alta e de tempos em tempos fica mais popular novamente.

Eu vejo a cena fervendo principalmente no Brasil. Nunca tivemos tantas bandas boas como hoje. Elas só precisam de mais espaço e locais decentes pra tocar. Lá fora existe uma cena fortíssima na Europa, principalmente Finlândia e Suécia.

É muito importante que os headbangers abram um pouco seu campo de visão e entendam que a cena não acabou junto com o Black Sabbath e o Iron não é a única banda grande. Tem muita coisa rolando. É acompanhar e apoiar. Tem o Summer Breeze vindo por aí, Knotfest. Grandes eventos rolando e isso só vai fortalecer e ajudar a cena como um todo. Afinal outros produtores podem ser incentivados a fazer outros festivais de médio porte ajudando o underground também.

E quais você acha que serão as bandas que terão o papel de levantar a bandeira do Brasil perante o mundo neste momento?

As grandes bandas do Brasil da atualidade são Crypta e Nervosa na minha opinião. Hoje representam o país de forma brilhante. A Crypta vai tocar no Wacken, a Nervosa ficou muito grande com essa formação. É incrível o que essas bandas tem feito.

Quais bandas novas você tem ouvido?

Muitas! Rs. Recentemente descobri o Beast in Black e me apaixonei pela banda. Tem o Horizon Ignited e Where´s my Bible, ambas da Finlândia, fazem um Death Melódico muito bom!! Nacional tenho ouvido muito Allen Key, Malvada e The Damnnation. Acho incríveis demais!!!

Por fim, uma pergunta difícil, mas indispensável. Quais são seus 5 álbuns favoritos de Heavy Metal?

Acho que serei xingado nessa porque não vou colocar alguns clássicos, mas vamos lá:

1 – Metallica – “Master of Puppets”. Pra mim é o melhor álbum da banda. Adoraria ver um show com ele tocado na integra.

2 – Iron Maiden – “Powerslave”. Aqui a banda atingiu o auge em todos os sentidos. Acho que tem um clima e astral únicos. Adoro muitos discos que vieram depois, mas acho o “Powerslave” uma obra prima.

3- Sepultura – “Roots”. Acho que o Sepultura criou uma forma brasileira de se fazer thrash metal e aqui levaram isso para outro patamar. Sei que não é o disco preferido de muitos fãs da banda, mas acho que é o Black Album deles. É um disco ousado, criativo e pesadíssimo!

4- Arch Enemy – “Wages of Sin”. Hoje o Arch Enemy é minha banda de cabeceira. Conheci o trabalho deles com esse disco e acredito que trouxeram algo totalmente novo pra época. Claro que já tínhamos bandas com mulheres antes do Arch Enemy, mas a Angela trouxe de volta uma representatividade que que tinha se perdido um pouco. Muitos das bandas de Metal Extremo que temos hoje, com mulheres, foram influenciadas por ela.

5 – Angra – “Angels Cry”. Sempre fui apaixonado pelo metal brasileiro. Nossas bandas não perdem em nada pras gringas e o “Angels Cry” é um exemplo disso. Não perde em nada pros clássicos do Helloween e marcou várias gerações. Até hoje é um álbum que serve como referência. O que eles conseguiram fazer nesse disco, com os recursos dessa época é algo para ser aplaudido para sempre.

Obrigado novamente por seu tempo e palavras. É sempre um prazer para nós da Hell Yeah conceder espaço para pessoas que admiramos o trabalho. O espaço é seu para deixar um recado para nossos leitores

Muito obrigado pelo bate papo e parabéns pelo trabalho. Essa assessoria que vocês prestam para as bandas é uma parte muito importante dentro da cena. Adorei participar e gostaria de pedir a todos que ouçam o Papo Metal. O podcast está disponível nas principais plataformas de streaming. Abração!!!

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