Necrovoid Festival dá início a uma nova era de grandes festivais em Santa Catarina
Por Luis Fernando Ribeiro
Passado o período trágico que vivemos durante a pandemia, Santa Catarina vem se reestabelecendo como um dos cenários mais prolíficos para o underground da música pesada no Brasil. O estado que viveu durante o início dos anos 2000 um momento mágico em shows e festivais, vem restaurando sua cena tanto interna quanto externamente, e uma das protagonistas desse momento importantíssimo atende pelo nome de Necrovoid Productions, que através de muita labuta, vem estabelecendo novos espaços para bandas de todos os portes do nosso cenário se apresentarem aqui no estado.
O Necrovoid Festival, que aconteceu no dia 29 de Julho, em Joinville, foi um desses momentos, reunindo em um único dia um elenco avassalador formado pelas bandas Krisiun, Rebaelliun, Flesh Grinder, Exterminate, Orthostat, Zombie Cookbook e Rhestus, além de diversas stands com oportunidade para bandas e comércios da nossa cena exporem seus produtos. Vale destacar também que a Necrovoid nos entregou um dos eventos mais organizados que já tive o prazer de presenciar, com tudo funcionando plenamente, horários respeitados com absoluto rigor em uma estrutura excelente tanto para as bandas quanto para o público
Por problemas logísticos no deslocamento de Florianópolis para Joinville, infelizmente não tive a oportunidade de acompanhar o primeiro show do evento, da banda Zombie Cookbook, mas os relatos que coletei com os amigos e colegas presentes foram de uma apresentação visceral, destacada pela presença de palco e ambientação criada pela banda para executar seu Death Metal devastador. Espero em outra oportunidade poder acompanhar a banda ao vivo e novamente falar deles por aqui.
A sequência do evento veio com a veterana banda de Thrash Metal catarinense, Rhestus, em sua turnê de celebração aos 30 anos da banda, que continua tão incrivelmente boa ao vivo quanto em outras oportunidades que os vi, lá no início da primeira década dos anos 2000. A banda mostra que mesmo após tantos anos na estrada ainda tem muita lenha pra queimar e faz um show que esbanja experiência e energia, com destaque para as clássicas “Inside a Torn Apart” e “Bullet in Point”, criando uma aura saudosista e vibrante à todos que vivem essa cena há mais tempo.
A Exterminate veio a seguir e conseguiu manter o nível elevado estabelecido pela Rhestus, em um show de técnica e presença de palco dos integrantes, que preenchiam o palco e incitavam o público a acompanhar sua performance agitando o tempo todo, sem pausa para descansar os pescoços maltratados pelo headbanging. A performance técnica da banda é assustadoramente próxima daquela executada em seus álbuns em estúdio, o que é absolutamente surpreendente dada a velocidade de suas composições. Destaque especial para a performance estonteante do baterista Sandro Moreira, uma verdadeira máquina de guerra nas baquetas, que voltou a se apresentar também com a banda seguinte.
Apesar da presença sempre empolgante do Krisiun, o fato de já tê-los visto ao vivo algumas vezes colocou minhas maiores expectativas no show da Rebaelliun, que não somente alcançou como superou em muito tudo que eu esperava de um show da banda. Com sua nova formação surpreendentemente entrosada, a celebração ao legado de Lohy, Fabiano Penna e da banda foi ao mesmo tempo comovente e avassaladora. Palavras são incapazes de descrever a força do sentimento que a banda transmite no palco. Apenas faça um favor a si mesmo e veja um show da Rebaelliun ao vivo, garanto que não irá se arrepender.
O Splatter/Death Metal da Flesh Grinder veio em seguida mal deixando tempo para os presentes reestabelecerem a sanidade e as capacidades cognitivas maltratados pelas apresentações anteriores. A clássica banda, representante da cidade no evento, faz jus ao seu posto de uma das bandas mais importantes e longevas do cenário underground catarinense com um show empolgante e devastador, enchendo de orgulho quem acompanha a banda há tantos anos.
Em meio a tantas bandas clássicas e já estabelecidas em nosso cenário, a maior surpresa da noite atendeu pelo nome de Orthostat, banda que, na minha opinião, é claro, fez a melhor apresentação da noite. Confesso que pouco havia ouvido falar sobre a Orthostat antes, e numa audição rápida em casa na semana do evento, já havia me surpreendido com a qualidade técnica dos músicos e a força de suas composições, mas nada que se compare com o que esses quatro jovens músicos de Jaraguá do Sul fizeram no palco do Necrovoid Festival.
Uma longa introdução foi aos poucos estabelecendo um clima de tensão e expectativa e partir do momento que a banda começou a performar, ficou difícil decidir se me rendia ao clima vibrante estabelecido pela presença de palco absurda da banda, envolvendo todo o público, que não parou de agitar nenhum minuto, ou se simplesmente assistia embasbacado a execução impecável dos músicos à suas composições brutais mas cativantes. Ao final da apresentação, banda e público estavam de alma lavada e eu plenamente estabelecido como um novo fã cativo da banda.
A noite se encerrou com a presença imponente dos mestres do Death Metal nacional do Krisiun e eles nunca decepcionam. Um desfile de clássicos e novos petardos fizeram o público agitar do início ao fim do show, deixando os músicos notavelmente satisfeitos, retribuindo com uma performance que ia ficando melhor a cada nova música tocada. As novas músicas funcionam ainda melhor ao vivo, mas assistir a banda tocando clássicos como “Blood of Lions”, “Combustion Inferno” e “Black Force Domain” é viver na pele e no sangue a representação máxima do que é o Underground Brasileiro.
Vida longa ao Necrovoid Festival. Que logo venham os próximos!
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