As noites quentes do centro de Florianópolis tem fervilhado não apenas com o calor escaldante que assola a Ilha da Magia, mas também com a inquietação da cena underground da cidade. Inúmeras casas de shows recebem apresentações para todos os gostos, do Funk ao HC, do Rap ao Heavy Metal, movimentando uma cena que se mostra sedenta por música e atrações culturais nesse período pós-pandemico.
Um dos principais pilares dessa movimentação incessante do cenário do Rock, Punk, HC e Heavy Metal na cidade, é a produtora Bruxa Verde, do incansável Matheus Jacques, que vem fazendo um esforço monstruoso para fortalecer a cena da capital catarinense dentro e fora do estado. Em um dos vários eventos produzidos nos últimos dias pela Bruxa Verde, a Haoma Baixo Centro recebeu no último domingo, dia 11 de dezembro, as bandas catarinenses Ghost Bitch, Armada85 e os paulistas da Cras, que também se apresentaram na noite anterior no Metal Joinville Festival.
A noite começou com a mistura avassaladora de Punk, Grunge e Shoegaze da Ghost Bitch, marcando o retorno da banda após um longo período afastada dos palcos. Com a surpreendente presença de três guitarras e ausência do baixo, a banda formada por Jéssica Gonçalves (Vocal e Guitarra), Fernando Portela (Vocal e Guitarra), Johlen Teixeira (Vocal e Guitarra) e Xando Passold (Bateria), transbordou energia em uma performance empolgante, com canções explosivas e arrebatadoras, para definitivamente expurgar os cerca de três anos que a banda manteve-se afastada em virtude da pandemia. Suas distorções emanam uma textura raivosa, porém envolvente, convidando o público a pular e extravasar junto com os músicos.
A sequência da noite foi ainda mais pesada com a presença da Armada85, figura já carimbada do underground de Florianópolis, com seu Metal Moderno, que flerta com o Groove Metal, o Metalcore e por vezes, até mesmo com o Death Metal, tendo como referência grandes bandas contemporâneas como o Lamb of God e o Gojira, por exemplo.
Formada pelo vocalista e guitarrista Rodrigo Vulcano, o guitarrista e backing vocals, João Luccas Pacheco, o baixista André Luis Barreto e o baterista Lucas Martins, a Armada85 trouxe ao palco da Haoma uma sequência de petardos que colocou o público para bater cabeça e formar as primeiras rodas de mosh ao som de seus riffs devastadores e de uma cozinha estonteante, apresentando uma banda com um feeling muito acima da média, mas com uma técnica encantadora aos olhos de quem conseguiu parar por alguns momentos para apenas assistir ao show.
Por fim, a aguardada apresentação da Cras, pela primeira vez em Florianópolis, mostrou o poder de fogo de uma das bandas mais promissoras e talentosas do underground brasileiro. Contando com os vocais de Marili Munari, a guitarra e vocal de Lucas Brito, o baixo Hercules Breno e a bateria de Cris Cezar, a Cras trouxe para a noite de Florianópolis uma verdadeira celebração ao Metal Extremo, através de seu Sludge Metal de alta categoria, com composições grandiosas, agressivas e que emanam uma aura intrínseca de poder, luta e resistência.
A banda teve a oportunidade de executar todas as músicas de seu repertório, com ênfase no seu recém lançado EP “Desperato”, com destaque para as canções “Valleys of Concrete”, “Beta” e a “The Price of Consent”, que foi tocada duas vezes, tamanha a empolgação do público. Marili não é apenas uma front-woman talentosa e com um gutural desconcertante, ela é um acontecimento em cima do palco, enquanto Lucas, Breno e Cris dilaceram seus instrumentos com técnica, garra e uma presença de palco ao mesmo tempo amedrontadora e acolhedora, como toda revolução deve ser.
Ghost Bitch, Armada85 e Cras proporcionaram uma noite memorável que pulsará por muito tempo na alma daqueles que tiveram o privilégio de os assistir neste evento incrível.
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Leia mais sobre a Cras no site da Hell Yeah:
CRAS apresenta um retrato visceral do nosso tempo em seu aguardado 1ª EP, “Desperato”