Entrevista Fourkaos – O inferno sob a ótica existencialista

A banda paraibana Fourkaos foi fundada em 2019 e lançou no mesmo ano o seu álbum de estreia, “Remnants of Sanity”, que vem obtendo excelente repercussão mesmo dois anos após o seu lançamento, levando-os inclusive à final do Prêmio Profissionais da Música, na categoria Melhor banda de Heavy Metal. Além disso, seu primeiro álbum foi indicado e vencedor em inúmeras categorias de melhores do ano, com destaque para a indicação da revista Roadie Crew e para a Headbangers Latino América, onde foi apontado como um dos Melhores álbuns latinos de 2019.

A sonoridade da Fourkaos tem características bastante modernas buscando elementos em diversas vertentes do Heavy Metal para formar a sua própria identidade, criando uma musicalidade muito agressiva e com muita personalidade. Suas principais influências passam especialmente por bandas como Sepultura, Gojira e Lamb of God.

Em 2021 a Fourkaos retornou ao estúdio, resultando em seu novo single e videoclipe, “Hell is Others”, apresentando uma banda ainda mais madura, moderna e preparada para encarar um mercado emergente e fervilhante, tornando-se expoentes de uma nova e proeminente geração do Heavy Metal que vem ganhando espaço até mesmo no mainstream.

Conversamos com Johnny Glaydson (Vocal e guitarra), Matheus Henrique (Baixo e backing vocals), Matheus Oliver (Guitarra solo e backing vocals) e Rodolfo Diniz (Bateria), que nos contaram sobre sua trajetória até aqui e as expectativas com o lançamento de “Hell is Others” e a iminente volta aos palcos.

Primeiramente, parabéns pelo lançamento do novo single, “Hell is Others”, o resultado ficou absolutamente fantástico. É inevitável começarmos falando dela. Nos contem um pouco de como foi o processo de composição desta nova música e o que mudou desde o lançamento do primeiro álbum da banda em 2019 até aqui. Foi algo que vocês buscaram soar ainda mais modernos e pesados que anteriormente? 

Johnny Glaydson: Muito obrigado, um prazer enorme vocês terem curtido o novo trabalho. Bom, a música surgiu de um processo de composição que ainda está em andamento, envolvendo outras músicas. Em um futuro breve temos planos para a composição do novo full album da Fourkaos. “Hell is Others” surgiu dentro desse processo, decidimos produzir e divulgar o single e o videoclipe exatamente para mostrar o amadurecimento da banda e a música abre uma espécie de porta para o que estamos preparando para um futuro disco.

Acreditamos que “Hell is Others” representa perfeitamente a nova fase que estamos trilhando. A banda desde o último álbum mudou muito no quesito crescimento artístico e visão dentro do mundo da música, especialmente o mundo do metal. Claro que desde o início encaramos nosso trabalho com grande profissionalismo, mas é visível que estamos amadurecendo nesse aspecto também, o reflexo vem na música.

A questão da modernidade no som surge de uma forma bem natural, na verdade, inevitavelmente nossas influências, que também são modernas, são colocadas na mesa quando estamos compondo, porém, sempre buscamos ser autênticos moldando o nosso som através de nossa criatividade como banda e artistas. O resultado do trabalho sai dessa forma, moderno. Mas é um processo indiscutivelmente natural.

E sobre o que fala essa nova música?

Johnny: A letra é baseada em uma frase existencialista de Jean-Paul Sartre, um filósofo referência na reflexão existencial. Essa frase que diz que “o inferno são os outros” é algo que ainda podemos enxergar facilmente no nosso convívio social. Usamos exatamente essa reflexão para falar de uma concepção de inferno, esse que muitas vezes é associado a algo metafísico ou sobrenatural. Mas o inferno, esse lugar indesejável, pode ser onde já estamos, através do convívio e interação com o outro. Vivemos sempre em conflito com o outro e isso muitas vezes pode nos colocar em uma situação/lugar indesejável, caracterizando o nosso próprio inferno.

É notável a evolução de vocês como músicos e também como banda em “Hell is Others”. O que vocês pretendem fazer daqui pra frente? Já pensam em um novo álbum? 

Johnny: “Hell is others” ganhou um videoclipe que foi um complemento fundamental para toda construção artística desse trabalho. Sobre esse ser o início de um futuro álbum, ainda não podemos confirmar com muita exatidão. Como falei anteriormente, “Hell is others” surgiu desse processo de composição para o que provavelmente seja um futuro álbum, mas é cedo para confirmar algo. Queremos no momento mostrar essa nova fase da banda através dessa música e desse novo videoclipe, que refletem bem as demais composições que estamos produzindo, então, sem dúvida, é um lançamento que mostra o íntimo artístico da Fourkaos atualmente. Sobre o futuro, só podemos dizer que tem muito mais composições desse nível para sair.

Vocês estão com a mesma formação desde o início, certo? Nos contem um pouco da trajetória da Fourkaos até aqui 

Matheus Henrique Lima: A Fourkaos deu início ao projeto no fim de 2018 onde estávamos em processo de produção do nosso primeiro álbum, mas oficialmente surgimos como banda no início de 2019.  Desde lá mantivemos a mesma formação. O nosso primeiro show foi na cidade de Guarabira, na Paraíba, em março de 2019 e após aquele show tivemos ainda mais certeza que nossa formação era a melhor que poderíamos ter, devido a energia no palco e toda sintonia.

“Remnants of Sanity” levou vocês até a final do Prêmio Profissionais da Música, concorrendo na categoria de melhor banda de Heavy Metal, com data marcada para 07 de Novembro de 2021. Como vocês se sentiram com essa recepção da crítica e com essa repercussão logo no primeiro álbum da banda? 

Matheus: Nos sentimos de fato muito honrados com toda a repercussão, a gente sentia grande otimismo que iríamos causar um bom impacto com nosso primeiro álbum, mas com certeza foi mais do que esperávamos, principalmente a final deste prêmio tão importante para nós.

Esse primeiro disco resultou em dois videoclipes e duas Live Sessions, além, é claro, do novo videoclipe para “Hell is Others”. Qual a importância do audiovisual na transmissão da mensagem da banda?

Matheus: O audiovisual traz a performance da banda, além da sonoridade, o que é bastante importante para uma banda de metal, já que a performance conta muito, além disso, passa aquela forte energia para quem está assistindo.

 

Essa é uma pergunta tradicional nossa já, então não vale fugir dela. Se vocês tivessem a oportunidade de apresentar a Fourkaos para alguém que não a conhece e fazê-la chegar no trabalho completo da banda, qual música cada um de vocês escolheria?

Johnny: “Hell is Others” é a música que caracteriza de uma forma mais completa a banda, então nada mais justo do que começar por ela. Porém, vale a pena ouvir o álbum “Remnants of sanity”, e dele destaco a música “Insurrection”.

Matheus: “Hell is Others” com certeza é a música. Foi o nosso melhor trabalho até aqui.

Rodolfo Diniz: A música “Wreckage”, do Remnants of Sanity, é uma boa escolha.

Mais recentemente a banda começou a ganhar maior visibilidade fora do Brasil recebendo críticas absolutamente positivas, especialmente na Europa e na América do Sul. A Fourkaos se sente preparada para o mercado internacional?

Matheus Oliver: A Fourkaos é um projeto ao qual na criação deste, foi colocado como ponto principal, o foco no trabalho, sem falar também sobre algo que de cara todos os 4 tinham em mente: fazer  a diferença, então sim, a Fourkaos está pronta para isso.

Com tantas nuances e com uma identidade bem própria, é possível encaixar a banda em algum gênero? Quais são as principais influências de cada um dos integrantes? 

Oliver: A Fourkaos é um grande mix de vários gêneros do metal, até porque somos do berço de uma cultura que é resultado de uma grande miscigenação histórica. O primeiro trabalho da Fourkaos trouxe uma ideia do que todos sempre tinham no DNA, Gojira, Sepultura, Claustrofobia, Hatebreed, Trivium, Project46, etc, e o amadurecimento tanto em conjunto como individual, nos levou a um nível musical totalmente evoluído, resultando em “Hell is others”, uma música bem mais sofisticada.

Não somos thrash metal, nem tão pouco progressive metal, mas no nosso som sempre terá elementos que remetem, assim como Groove metal, Djent metal, Death metal, e tudo que o metal tem no DNA. Então, na concepção da palavra “progressivo” talvez sejamos um banda de metal progressivo, pois estamos sempre progredindo a cada trabalho e produção. Porém não temos o interesse em um rótulo específico, tocamos metal.

E como ficam os planos para o futuro da Fourkaos? 

Oliver: Agora que temos um pouco de esperança de vencer essa pandemia, a Fourkaos já está finalizando novos projetos, composições, produções e planejamentos, fazendo esses planos saírem do papel para que já em 2022 possamos espalhar o KAOS nos palcos, conhecer novas pessoas e bandas, e voltar para casa com grandes amizades feitas.

A Hell Yeah completou um ano agora em Julho de 2021. Como tem sido essa parceria para vocês? 

Rodolfo: Tem sido foda essa parceria, percebemos uma grande evolução no processo de divulgar a Fourkaos não só no Brasil, mas em boa parte do território mundial. Sem citar os brothers Luís e Leandro, que são os responsáveis pela correria para que tudo flua juntamente com a equipe de apoio. Só temos a agradecer essa força e apoio de vocês! Profissionalismo e amizade que fazem a diferença.

Obrigado pela entrevista. O espaço está aberto para deixarem uma mensagem para o público da Hell Yeah.

Rodolfo: O prazer é todo nosso. Galera, se vocês curtem um bom metal, cola com a Hell Yeah e a Fourkaos. Tem muito trampo foda nas mão desses brothers, e a Fourkaos não tá fora dessa parceria. Para quem tiver mais interesse em conhecer o nosso trabalho é só procurar pela Fourkaos nas principais redes sociais e plataformas de streamings, sempre estaremos divulgando nossos novos projetos.

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